A relação do mundo das drogas em The Wire e Sicario

O mundo das drogas nos tempos modernos é vasto e cheio de nuances, é fácil julgar quem está envolvido, tanto no lado da justiça quanto no lado do crime, mas será que julgamos baseados em todos esses nuances ou julgamos erroneamente baseados em conceitos predeterminados sobre bom e ruim? Uma série e um filme que exploram muito bem o mundo do crime organizado das drogas e as formas em que se tenta combater são respectivamente The Wire (2002) e Sicario (2015).

A série, que no momento vamos falar apenas da primeira temporada é The Wire, série que estreou em 2002 e continua muito atual em diversos aspectos, em várias camadas ela é um panorama sobre o mundo em que vivem as pessoas que estão no meio das drogas, em sua primeira temporada ela explora a investida de alguns policiais da polícia de Baltimore, cidade conhecida por sua criminalidade e brutalidade policial, em tentar desarticular um grupo de traficantes comandados por Avon Barksdale, e aqui que as coisas ficam interessantes.

Barksdale não é um criminoso, bom, pelo menos ele não possui nenhum registro de crime, na verdade ele não possui registro algum, ele é um fantasma no sistema, um nome sendo sussurrado, mantendo tudo em ordem. Enquanto os policiais tentam coletar evidências contra Barksdale, nós conhecemos a realidade dos seus “peões” e o lugar onde eles vivem, de forma humanizada e profunda. Nós seguimos Wallace (Michael B. Jordan), um jovem de 16 anos, que nunca conheceu outra vida a não ser aquela e que sustenta várias crianças com o dinheiro que consegue da venda de drogas, mas também conhecido Bodie, também de 16 anos que gosta de estar ali, mas que também nunca viu nada além daquilo. Do lado da polícia temos nosso detetive principal, McNulty, vindo da Homicídios ele luta contra o sistema corrupto da polícia de Baltimore para conseguir os recursos para sua investigação.

O filme que vamos comentar é Sicario, dirigido por Denis Villeneuve, onde vemos a agente do FBI Kate Macer (Emily Blunt), uma policial decente e integra, ser convidada para uma força-tarefa suspeita contra um cartel de drogas mexicano, ela embarca nessa missão com dois agentes misteriosos para ir atrás do chefe do cartel, e acaba se frustrando quando percebe que eles não estão jogando “limpo” e agora ela está precisa ir até o fim para tentar evitar mais danos, ou até uma guerra entre os EUA e o México.

Por fim, somos forçados a ver a realidade do que a missão representava, onde um mal incontrolado é apenas substituído por um que é moderadamente mais passível de controle. A série também faz questão de ressaltar a inutilidade dessa luta, onde tudo está dentro de um ciclo de violência de todos os lados, onde vai ter sempre alguém para tomar o lugar de quem for preso, morto ou simplesmente consiga sair fora dessa vida. 

A guerra às drogas não tem bons e ruins claramente expostos, se é uma guerra ambos os lados cometem atrocidades e essas duas obras mostram um pouco do que acontece nesses mundos e valem a pena conferir com olhos apurados aos detalhes dos contextos que elas procuram explorar.

Tagarelam conosco, gostaram do artigo? A realidade influencia a arte e vice e versa, então os pontos abordados nessa matéria lembram vocês dessa relação?

Até a próxima tagarelice e lembrem-se que não existe bom ou mal, existe a complexidade das coisas. 

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