A história de como duas das maiores tenistas mundiais, Venus e Serena Williams foram criadas e planejadas pela sua família e como seu pai Richard Williams planejou e projetou o futuro das filhas desde o início para o sucesso, é com certeza comovente, delicada e, sem sombra de dúvidas, inspiradora. O longa te leva em todos os sacrifícios e batalhas diárias que a família das tenistas teve que superar para ajudar as meninas à chegarem ao estrelato e nível de atlético que conhecemos.
Com atuações impecáveis e cenas marcantes, o King Richard faz o espectador querer mais e mais da história de perseverança que essa família negra de Compton na Califórnia tem pra contar.
O filme é uma grande homenagem que suas filhas fazem ao seu pai Richard Williams que, apesar dos defeitos e dificuldades, se manteve firme no seu plano de criar as maiores tenistas do mundo. Um homem negro, pobre, que viveu por um período conturbado dos Estados Unidos dos anos 50 e 60. E como se trata de uma homenagem existem, consequentemente, alguns recortes de realidade e escolhas feitas pela produção para contar essa história. Mas nada disso diminui a mensagem de carinho e devoção que suas filhas quiseram deixar para seu pai nem mesmo tira o peso dramático e inspirador que o filme brilhantemente nos passa.
Com um foco de enredo bem definido, a direção do filme fez um excelente trabalho em escolher os momentos exatos da história das meninas para mostrar o trajeto que foi trilhado por elas, sem que o filme se estendesse em momentos menos cativantes ou entediantes, fazendo a história fluir rapidamente, mas sem perder detalhes importantes para imersão do espectador. Os diálogos também tem um papel incrível, com Will Smith e Aunjanue Ellis (nos papeis de pai e mãe das atletas) carregando as atuações do filme mostrando as falhas e as decepções que Richard Williams cometeu e sua vida, trazendo a história pra realidade e deixando ainda mais interessante a história contada no filme, outro papel notável é de Jon Bernthal, que faz uma atuação incrível e surpreendente no filme.
Um dos pontos importantes para esse filme é a visão do pai negro, figura essa representada historicamente como ausente ou inexistente, e que o filme traz uma nova visão. Richard Williams tem muitas falhas, e o filme reflete elas em alguns momentos, mas faz questão de que também ele foi capaz de acertar e se tornar alguém que pudesse ser o trampolim para o sucesso de duas mulheres negras. Em King Richard, a figura do pai negro tem nuances e camadas incríveis, que Will Smith interpreta com maestria e versatilidade.
Cada pessoa carrega uma ótica diferente com a realidade, e esse filme faz questão de mostrar as dificuldades que uma família negra e pobre tem para alcançar algo que para outras famílias é natural. O quanto que para serem aceitos as meninas tinham que ser as melhores e nunca poderiam falhar.
Esperava muito desse filme, e com certeza ele entregou, embora sempre quando se trata de biografias a história está contada pela ótica de quem escreve, o filme consegue te entregar uma boa ideia da realidade dos personagens da história e do seu contexto real, sem esconder seus defeitos, mesmo que às vezes não estejam representados em totalidade, deixando o filme bem mais cativantes.
Pisciano. Co-fundador. Fã devoto da New Who.
Algumas horas na faculdade de computação, algumas horas na faculdade de história e muitas horas na frente da tv e da tela do cinema. Viciado em séries desde os tempos do SBT às tardes da noite, e agora levo a vida na base do torrent e Netflix.
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