Produzida por
David Fincher, que é conhecido por dirigir obras com temática semelhante a Mindhunter, como
Zodíaco e
Seven – Os Sete Crimes Capitais, a nova série original da
Netflix chegou ao serviço de streaming com todos os episódios de uma só vez, perfeito para uma maratona. A primeira temporada possui apenas dez episódios, contendo aproximadamente 60 minutos.
Vamos a sinopse?
Em Mindhunter, os agentes do FBI Holden Ford (Jonathan Groff) e Bill Tench (Holt McCallany) estudam as avariadas psiquês de serial killers numa tentativa de entendê-los e capturá-los, e durante este processo tornam-se pioneiros no desenvolvimento de um moderno método de identificação e avaliação de um serial killer.
A série mistura
ficção com fatos reais, baseado em um livro chamado
Mind Hunter: Inside FBI’s Elit e Serial Crime Unit, escrito por John E. Douglas e Mark Olshaker, mostra a pesquisa que inicia através de dois agentes da Unidade de Ciência do Comportamento cujo objetivo é estudar a mente por trás dos assassinatos em série. Mesclando
drama de investigação e
suspense, Mindhunter acerta em cheio na hora de nos instigar e de gerar uma tensão em nós.
Vale avisar que Mindhunter é uma série bem pesada, há vários relatos de violência explícita e brutalidade. Grande destaque da série é mostrar o pioneirismo do estudo e do termo serial killer.
Criminosos nascem ou eles são formados? Essa questão surge logo no primeiro episódio com um convite aos personagens e a nós, espectadores, a refletir sobre ações criminosas, seriam elas uma reposta a algo que está de errado no governo? Como funciona a mente de quem os comete? Percebemos com essas questões que a psicologia e a sociologia andarão de mãos dadas na narrativa da série, pois uma coisa é certa o meio em que vivemos, as experiências que passamos, a criação que tivemos, a nossa formação de caráter e personalidade é algo complexo e reflete vários aspectos da nossa vida e da sociedade que fazemos parte. Logo, como seres sociais e psicológicos é necessário unir essas duas coisas no estudo dos agentes para que se possa ir em direção a uma resposta para tal pergunta.
Uma coisa que a trama nos traz de ensinamento é o quanto precisamos
questionar as coisas, pois no momento em que eles começam a questionar sobre a mentalidade dos
serial killers, surge a necessidade de ir em busca das respostas, entender os porquês, analisar mais do que já vinha sendo analisado e portanto, assim, chegar mais perto de respostas e mais importante ainda de talvez encontrar formas de gerar mudanças. É essencial que possamos enxergar isso na “
ficção” e trazer para nossa
realidade, é essencial que a gente desenvolva essa
capacidade analítica em todos os aspectos, precisamos aprender a enxergar as coisas além do preto no branco, a ver as coisas com contextualidade e entendendo muitas vezes que as coisas são mais complexas do que parecem, então, aí é preciso que a gente se empenhe mais em compreender o plano todo num geral. Sabem?
Mindhunter traz uma sucessão de fatos para tentar explicar o comportamento criminoso, mais especificamente, do comportamento dos assassinos em série, então, começam a desenvolver o que hoje conhecemos como perfil psicológico. De forma sutil podemos perceber talvez um dos grandes problemas disso, ao mesmo tempo que é bom traçar um perfil psicológico para saber quem procurar, podemos também cair nos esteriótipos e assim dificultar de encontrar o real responsável, além de que acaba entrando em conflito com a questão de que cada pessoa é única, além de ser totalmente injusto por privar de uma análise mais complexa de toda situação e sujeito.
O diálogo é um ponto super importante na narrativa da história, por meio dele vem grandes reflexões, questionamentos e a profundidade das temáticas abordadas, inclusive, quando se trata das entrevistas que os agentes tem com os serial killers, cada entrevista é única assim como cada entrevistado também é. As experiências que as entrevistas geram são singulares porque cada diálogo reflete aquele que está falando, nunca vai ser a mesma coisa, pois cada falante é diferente.
A primeira impressão que tive foi a de que eu estava assistindo a um filme, de tão bela a fotografia e o cuidado que tiveram com ela, as nuances de cores, o uso de iluminações e a forma como utilizaram a câmera possibilitou uma incrível produção a um nível cinematográfico. A ambientalização dos anos 70 é visível, mas não é algo marcante, o que acredito não ser um problema, uma vez que o foco da série não é retratar a época em si, mas mostrar a importância da pesquisa, suas consequências e principalmente nos permitir experimentar como é conhecer a mente de múltiplos serial killers.
É muito genial a forma como utilizam nosso interesse, pois enquanto estamos assistindo nos atraem com o fascínio que é a mentalidade humana, tanto dos agentes e da psicologa que estão investigando os casos, quanto daqueles que são alvos da pesquisa, os psicopatas. A série intercala as entrevistas e a pesquisa, com casos que os agentes servem de consultores podendo, então, eles aplicar na prática o que aprenderam na teoria e nisso há também uma troca, os casos colaboram com a pesquisa de mesmo modo que a pesquisa colabora com os casos. Outro elemento que a série traz nessa intercalação é o drama da vida de cada personagem principal, através disso conhecemos melhor como funciona aquele personagem, por exemplo, quando Mindhunter desenvolve a história pessoal do Holden com sua namorada, podemos perceber traços da sua personalidade, ele é metódico e objetivo, em contraste, percebemos o quão impulsivo ele é quando se trata de seu trabalho. Sendo assim, é bastante importante esse tipo de abordagem na série.
Os agentes juntamente com a consultora psicologa tentam entender o que se passa na cabeça dos assassinos em série, o que os leva a fazer o que fazem, o que aconteceram com eles, porque fazem o que fazem, como se sentem e principalmente quem são. Vemos bastante da psicologia do crime, o quanto as relações familiares e em sociedade afetaram a percepção de cada um deles, muitas vezes causando distorções da realidade. E, com tudo isso, aprendemos uma infinidade de coisas. Toda a evolução e descoberta da pesquisa deles são incríveis e fazem com que nós ficamos cada vez mais imersos na trama. Pinguim não conseguiu desgrudar os olhos e devorou um episódio atrás de outro.
“O que acontece com esses homens é normal, mas a forma como processam, não é.”
Enfim,
Mindhunter é uma série que se destaca das demais do gênero, por desenvolver uma narrativa interessante e diferenciada, sendo, muitas vezes, bastante
descritiva, mas eficiente. Além de focar em um aspecto mais
psicológico e
sociológico para desenvolver sua temática, o que certamente a coloca na frente das demais. Temos um show de reflexões, questionamentos e ensinamentos sobre a
mente e
comportamento humano, mais especificamente, no
crime, mas, no entanto, temos um teor consideravelmente social, o que traz ainda mais importância para a sua perspectiva.
A série peca em duas coisas: possuir algumas cenas que percebemos depois serem irrelevantes para a trama e trazer pouquíssima representatividade, em dado momento até não empregar uma pessoa negra para não repercutir negativamente na pesquisa, shame on you. No entanto, o último episódio terminou de uma forma que nos faz ansiar para ver no que vai dar e igualmente ansiar por respostas que ainda não nos foram dadas, o circo foi fechando e parece que só veremos, o circo pegar fogo, quer dizer, as consequências dessa primeira temporada, na próxima.
E, devido a tudo isso, Mindhunter recebe:
(4 de 5 pinguins)
Confira também a nota do IMDb:
Tagarelem comigo, ficaram com vontade de assistir? Qual aspecto abordado pela Pinguim vocês mais acharam interessante? Vão maratonar? Deixei vocês curiosos? Eu espero ansiosamente que sim! Se tiverem sugestões de filmes, séries e até livros com essa temática, aviso que estou aceitando. Ah, se tiverem também para posts do Especial de Halloween, estou toda a ouvidos, viu?
Acompanhe a Pinguim Tagarela nas redes sociais:
Até a próxima tagarelice e lembrem-se nada é inerente ao ser humano!
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Esse post faz parte do Especial de Halloween porque serial killers dão arrepio na espinha |
Fundadora e Editora-Chefe. Virginiana e defensora da terra.
Um pouco Lorelai demais, não só na quantidade exagerada de café, mas também na capacidade de falar muito em pouco tempo. Whovian apaixonada. É possível me encontrar, entre um salto temporal e outro, em Doomsday ou em qualquer biblioteca ou cinema do mundo.
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Tô vendo tanta gente falar sobre essa série, que me deu vontade assistir. Depois de descobrir que ela trata de psicopatas e questões psicológicas, meu animo aumentou ainda mais. Eu sou apaixonada por psicologia forense, tanto que é área que penso em me especializar caso siga carreira de psicóloga depois da faculdade 🙂
Acho que vou esperar a megamaratona de The Walking Dead acabar e assistir essa antes da estréia de Stranger Things *-*
Eu assisti o primeiro episódio e confesso que achei meio entendiante, acho que por ser muito descritiva. Quando vi o trailer, achei que ia contar a história de um serial killer em cada episódio. Vamos ver se dou mais uma chance, gosto muito do gênero.
Beijos
http://orangelily.com.br/