Mr. Mercedes | Elementos perturbadores atropelam nossa mente

Estamos no mês do Halloween e nada melhor do que Stephen King para nos fazer celebrar essa época, não é mesmo? Tivemos em Setembro a adaptação de It – A Coisa para os cinemas, além de que este ano inúmeras obras do autor tiveram adaptações para outras mídias. Teve as séries O Nevoeiro e Mr. Mercedes (estou assistindo e quando acabar terá resenha, aguardem!), no campo do cinema tivemos, além de It, A Torre Negra, mas outros estão com estreia marcada para 2017, como 1922 e Jogo Perigoso. Enfim, tudo isso para expressar que King é o Rei do Terror, título muito bem empregado, então uma das melhores opções para que possamos comemorar o Halloween.

Por isso, trago uma indicação e resenha de uma de suas obras. Foi o primeiro livro de King que a Pinguim leu e devo dizer que começou bem. Contendo apenas 400 páginas, o livro é o primeiro da Trilogia de Bill Hodges (Mr. Mercedes, Achados e Perdidos e Último Turno) publicados pela Suma de Letras. A história é dividida em 4 partes + 3 outras mini, cada uma tem seu pequeno plot dentro daquela narrativa e seu acontecimento central.

Sinopse: 

Um policial aposentado chamado Bill Hodges é ainda assombrado por um crime sem solução. Quando ele recebe uma carta enlouquecida de alguém que se auto-identifica como privilegiado e ameaça um ataque ainda mais diabólico, Hodges acorda de sua deprimente e vaga aposentadoria, empenhado em evitar outra tragédia. Brady Hartfield vive com sua mãe alcoólatra na casa onde ele nasceu. Ele adorou a sensação de morte sob as rodas da Mercedes, e ele quer aquela corrida de novo. Apenas Bill Hodges, com um par de aliados altamente improváveis, pode prender o assassino antes que ele ataque novamente. 

Logo no início da leitura sentimos aquele baque, a cena inicial é de mexer com nosso psicológico, é acima de tudo, bem pesada, por não ter lido a sinopse antes de começar a leitura, não estava esperando por tal situação e devo que dizer foi incrível essa experiência. Na sinopse acima, fiz algumas modificações para que não se estragasse este tipo de sensação. A pinguim é muito amorzinha, não é mesmo?


A leitura é bem interessante por múltiplos motivos e um deles se deve ao fato de que King possui uma boa escrita, ele consegue contrapor todo o cenário pesado através da escrita, sendo ela divertida. Temos muitas descrições e King consegue transformar-las em momentos interessantes de se ler, por meio disso, aproveita para nos ambientalizar dentro da história. As cenas tornam-se palpáveis e é extremamente fácil se ver dentro delas, devemos isso ao talento espetacular de King. Vale lembrar que a linguagem utilizada é bem adulta, possui em diversos momentos tem vários palavrões. 
Um relato pessoal da Pinguim: antes de começar Mr. Mercedes, eu estava lendo Zodíaco, tive que parar por motivos de sou medrosa e estava ficando neurótica (risos!), mas enfim, eu conclui a leitura dele, mas durante Mr. Mercedes não consegui evitar fazer comparativos, pois ambas as obras escolhem gêneros diferentes para abordar a questão de psicopatas. Falarei mais a respeito no post sobre Zodíaco, certo?
Um ponto interessante é que conhecemos desde o começo quem é o Assassino do Mercedes, a identidade dele em nenhum momento nos é oculta, sabemos seu nome, onde mora e o que faz da vida, o vemos interagindo no mundo quando não está sendo o assassino. Vemos o quão normal Brady Hartsfield pode ser, exceto pelos seus pensamentos, tem nada de normal do que se passa na cabeça desse homem, isso é importante, pois podemos perceber como tudo é tão próximo da realidade. No desenrolar da história constantemente ficamos com a sensação de que todos eventos poderiam facilmente acontecer em nosso mundo.

Não se preocupar em ocultar a identidade do vilão revela um propósito, o mistério não está em quem é o assassino, como em outras histórias do gênero que conhecemos, o foco central da trama é compreender porque Brady faz o que faz, mostrar o que permeia a mente do assassino e expor a rivalidade entre Mr. Mercedes e Bill Hodges.

Outro elemento que não escondem de nós é o perfil do assassino, juntamente com a revelação de sua identidade, temos no começo as informações necessárias para perceber que Brady mata por prazer sexual, a questão de matar o excita e também porque ele simplesmente acha as pessoas insuportáveis, de um modo geral. King usa as alternância entre os personagens para que a gente possa adentrar dentro de seu mundo e conhecer melhor suas personalidades. Portanto, seus perfis são bem traçados, a gente consegue visualizar as características de cada um. Ponto para o autor por desenvolver tão bem seus personagens que torna possível tal coisa acontecer.

Ainda falando sobre os personagens, o detetive Bill Hodges é bastante esperto, consegue captar e analisar o assassino e isso se torna impressionante, pois diferente de nós ele desconhece a identidade do Mr. Mercedes. O fato de Bill estar agindo na borda da lei é algo que traz um diferencial para o personagem e para o livro.O Assassino do Mercedes tem aquilo de achar que não vai ser pego, mas todo humano deixa rastros e Bill é inteligente o suficiente para não deixar as coisas passar. É bastante pontual essa rivalidade entre o detetive x o assassino e o contraponto entre as personalidades apresenta nuances incríveis e enriquece a história.


O autor cria uma atmosfera incrível, parece que estamos realmente dentro daquele mundo e devido a isso interromper a leitura se torna algo extremamente difícil, pois não queremos sair desse cenário, além de que queremos saber qual vai ser o desfecho. Isso faz de Stephen King um autor excepcional que sabe o que tá fazendo, ou melhor, escrevendo, criando. 
E, devemos, enaltecer a mente criativa, genial e perturbadora do Rei do Terror.
Uma coisa interessante em toda a trama é a aproximação da realidade, temos vários elementos que nos remetem a coisas do cotidiano, inclusive, muitas situações. O vilão por si só é um ser humano, o que nos faz refletir se temos uma natureza boa ou má, logo nos traz a uma realidade da qual não estamos excluídos. Nos faz pensar que as pessoas nem sempre são o que parecem, que o perigo pode estar mais próximo do que pensamos. E, acredito, ser essa uma perfeita forma de aterrorizar.

O que leva alguém a causar tantas atrocidades?

A grande questão é que a história perturba e não é pouco, principalmente por nos mostrar como é dentro da cabeça do psicopata, os eventos ocorridos são tensos e absurdos. Em alguns momentos a repulsa é grande e a bizarrice também, esses elementos são importantes na trama e também para o gênero no qual Mr. Mercedes se encaixa. O autor toca em alguns pontos que apelam para a nossa humanidade, a gente constantemente fica pensando que aquilo não é possível, afinal tudo tem limite, mas acontece que para Brady não.

A leitura é surpreendente, quando menos esperamos, uma revelação surge inesperadamente e traz agitação para a calmaria que a história vinha instalando. Além disso, há ao longo da trama diversas referências, o que faz com que a leitura seja mais leve diante de tantos acontecimentos estranhos. Inclusive, King faz uma referência a It: A Coisa, a Pinguim ama essas coisas, vocês sabem. É bem interessante a conexão criada entre as histórias do autor, pelo que andei pesquisando King costuma fazer isso em suas obras. Incrível, né?

“- Assustador para caralho. Já viu aquele filme na TV sobre palhaço no esgoto? Hodges meneou a cabeça. Mais tarde – apenas semanas após sua aposentadoria – ele tinha comprado um DVD do filme e Pete tinha razão. O rosto do palhaço era muito semelhante ao rosto de Pennywise, o palhaço do filme.”

Enfim, a construção de Mr. Mercedes é muito boa, cada elemento serve como um tijolo, serve a um propósito dentro da história. Desde o começo até o final, as coisas se encaixam e transformam-se em uma obra perturbadora, mas maravilhosa de se conhecer. É uma leitura simples e rápida devido a escrita bem desenvolvida, com uma linguagem acessível, portando, assim, uma história que envolve, nos cerca para, então, finalmente nos prender, além de nos deixar curiosos demais ao ponto de não queremos mais parar de ler. Que venha mais enxurrada de sangue!

Se interessou pelo livro? Você pode comprar ele aqui.
Então, o livro merece:

(4 de 5 pinguinzinhos)

PS: Tem referência ao meu jogo preferido, Resident Evil. Esse momento é meu!

Tagarelem comigo, já leram Mr. Mercedes? Vocês acompanharam alguma das adaptações das obras dele? E por último, quais livros do King vocês me indicam?

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2 Replies to “Mr. Mercedes | Elementos perturbadores atropelam nossa mente”

  1. Ainda não li Mr. Mercedes, mas ganhei o Último Turno e fiquei muitooooo feliz porque agora só terei que comprar dois livros kkkkk Quando o assunto é Tio King eu fico muito na expectativa porque ele é o cara do terror que me fez ficar mais com medo da natureza humana em si do que o terror causado por seres sobrenaturais, vamos assim dizer. Com certeza – você pode me dizer se eu estiver enganada – esse livro carrega também esse lado sombrio do ser humano pelo que você disse sobre o Brady, enfim estou torcendo para o livro estar barato na Black Friday para eu poder comprar!

  2. Oii! Adorei a resenha, e como não se apaixonar por Stephen King, não? A escrita dele é mesmo incrível, tenho muita pena das pessoas que se contentam apenas com os filmes de suas histórias, tanta coisa é perdida..! Esse livro ainda não li, mas fiquei curiosa pra saber como é trabalhado, por não se tratar de uma "caça ao assassino" como sempre vemos…
    Aé, também estou planejando posts temáticos pra esse mês, e se quiser alguma colab estamos aí hein? kkkk
    Te desejo sucesso, beijinhos!
    https://isaalexia.wordpress.com/

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