Misturando ficção com realidade, Operação Overlord produzido pelo J.J Abrams e dirigido pelo novato Julius Avery nos apresenta uma realidade tão bizarra quanto macabra da Segunda Guerra Mundial. O evento histórico dá palco para as maiores crueldades no longa, com os experimentos dos nazicientistas.
Sinopse:
Uma tropa de paraquedistas americanos é lançada atrás das linhas inimigas para uma missão crucial. Mas, quando se aproximam do alvo, percebem que não é só uma simples operação militar e tem mais coisas acontecendo no lugar, ocupado por nazistas.
Lembrando muito um cenário e narrativa de jogos de guerra e até mesmo de horror, como Resident Evil, o grande destaque de tal façanha é a incrível imersão que o longa leva seus espectadores, logo no início, em uma cena, onde se encontram os soldados em meio a bombardeios aéreos, tendo que pular no antro dos inimigos, sentimos a atmosfera de urgência, de desespero, de puro horror. Afinal, a guerra não é nem um pouco algo de natureza boa. Vamos percebendo cada vez mais isso, conforme adentramos no suspense e desvendamos o mistério da bizarrice que permeia aquele vilarejo. A descoberta é simplesmente de que o ser humano pode ser desprovido de humanidade e isso não é um spoiler.
O cenário de guerra deve ser muito parabenizado, principalmente na questão sonora, quando temos cenas de guerras, os sons são de extrema importância, há tiroteios, explosões, manuseios de armas, sendo assim, requer um trabalho cuidadoso e complexo para os responsáveis, em Operação Overlord temos uma edição de som incrível, assim como uma mixagem. É um dos trabalhos mais bem feitos no longa, junto com a direção, principalmente em planos sequências – destaque para a cena inicial -, fotografia e figurino que nos transportam para aquela época.
O título que dá nome ao filme é de uma operação real, conhecida também como o Dia-D, aconteceu em 6 de Junho de 1944, assim como bem apresentado em letreiros iniciais do longa. Os experimentos que teremos conhecimento com o avançar da narrativa também tem um tanto de verdade, na Segunda Guerra houveram mesmo experimentos em humanos, sobretudo naqueles que eram os prisioneiros dos Nazistas e eram bem cruéis, com a justificativa de que poderiam ajudar na guerra, com desenvolvimento de novas armas, formas eficazes de tortura e morte, além de novos métodos para avançar na ideologia racial, tudo isso era justificativa para que fossem feitas as crueldades em forma de experimentos. Nesse aspecto, o longa como uma ficção, abusa do trash para trazer esse horror causado pela Alemanha Nazista, pelos cientistas que realizam esses “estudos”, temos exagero comum do gênero, mas que encaixam perfeitamente no tipo de história escolhido em Operação Overlord.
Portanto, há um bom manuseio da realidade em contraponto com a irrealidade, o roteiro brinca com ambas as coisas para expressar justamente o quão horrível foi o evento e o sofrimento causado tanto em soldados militares, arrancados dos seus lares e jogados em territórios do desconhecido, quanto daqueles que eram presos pelo regime nazista e sofriam das mais absurdas violações, torturas e mortes. No filme, não fica tão claro que são os judeus, por ter bastante da população local – vilarejo francês -, mas com um conhecimento prévio não fica difícil associar.
Além do trash, há também grandes influências do gore, com muitas cenas sanguinolentas e violências gráficas, e bem explícitas, diga-se de passagem. Ao trabalhar bem ambos, o filme traz uma inovação a um roteiro simples e uma premissa bem comum (filmes sobre a Segunda Guerra Mundial são bem comuns). No entanto, a forma de abordagem, mesclando tais elementos, nos permite enxergar, de forma diferente, um evento marcante e cruel da história da humanidade. A repulsa bastante presente em Operação Overlord é uma ferramenta incrível e bem utilizada para a manutenção do trash com o gore, sendo também um horror psicológico para aqueles que assistem. Há a presença forte de JumpScares, no entanto, o terror do filme, pende mais para o psicológico, para o bizarro do que para o assustador, de fato.
Outro ponto de destaque e inovação da narrativa é o divertimento por meio de toda essa bizarrice da história, temos momentos de descontração, uma certa comicidade que não é forçada, que acaba sendo, sobretudo, bem natural. As coisas dão tanto nervoso que gera em nosso psicológico uma vontade de rir – é o famoso, rir de nervoso.
Quanto aos personagens, todos são carismáticos, mas nem todos são bem desenvolvidos, alguns mudam de postura, de forma muito rápida, sem motivos aparentes. No entanto, a personagem de Mathilde Ollivier, a Chloe, a única representação feminina, que sofre com abusos dos nazistas, mas que tem sua trajetória marcada por independência, haja visto que não espera pelos soldados americanos para proteger aqueles a quem ama. Mas, há sim, a problemática de mais uma vez os americanos serem os grandes salvadores, enquanto sabemos que não é bem assim, a própria Chloe é uma figura de resistência. É incrível quando a vemos pegando em armas e indo atrás do seu objetivo e salvando os seus. A mulher é sangue no olho e amamos isso! É a representação de quem anseia liberdade.
Enfim, Operação Overlord inicia, de forma espetacular, mas decai com o tempo, isso devido a escolhas de roteiro que seguem caminhos simplórios, fáceis demais e que parecem sempre beneficiar a sorte de seus heróis, seus protagonistas. No entanto, deve ser exaltado a maestria em utilizar e saber manusear gêneros e subgêneros em sua narrativa, além da ambientação e imersão que nos remete não só aquela época, como a atmosfera e dinâmica de jogos de horror e guerra, além de homenagear muito bem longas dos anos 80 e 90. Portanto, Operação Overlord é um bom filme, que poderia ter permanecido com excelência se não tivesse sido as escolhas de roteiro, mas que para aqueles que amam o gore e o trash é um prato cheio de sangue, bizarrice, violência e sobretudo uma pitada de realidade. É a Segunda Guerra e os experimentos nazistas vistos sob uma ótica diferente e isso sem sombras de dúvidas, vale o ingresso.
O longa estreia dia 08 de Novembro – HOJE! – nos cinemas brasileiros.
Tagarelem conosco: Topam viajar para uma época histórica marcante, macabra e bizarra?
Até a próxima tagarelice e lembrem-se ver nazista tomando porrada é sempre um conforto!
Fundadora e Editora-Chefe. Virginiana e defensora da terra.
Um pouco Lorelai demais, não só na quantidade exagerada de café, mas também na capacidade de falar muito em pouco tempo. Whovian apaixonada. É possível me encontrar, entre um salto temporal e outro, em Doomsday ou em qualquer biblioteca ou cinema do mundo.