David Levithan é um grande escritor contemporâneo do gênero infanto-juvenil, “Todo Dia”, sua obra literária foi adaptada para as telonas, o filme estreia dia 26 de Julho nos cinemas brasileiros. Uma produção da Paris Filmes, a história do longa escapa de muitos clichês do gênero ao qual faz parte. Sendo isso, algo extremamente cativante na trama, a sua originalidade. O carisma transbordante dos personagens que ocupam o núcleo central chega, inclusive, a ser o ápice do nosso envolvimento com a trama. Entra, então, nesse quesito mais um ponto positivo, pois as atuações fizeram jus a suas respectivas personalidades.
Sinopse:
A tem o incrível poder de acordar todos os dias em um corpo diferente, independente de gênero, cor ou idade. E deve se adaptar a seu novo corpo, ainda que somente por um dia. Mas sua triste rotina muda quando acorda no corpo de Justin e acaba se apaixonando pela namorada dele, Rhiannon (Angourie Rice). A sinopse oficial ainda não foi divulgada.
Dirigido por Michael Sucsy, mesmo diretor de “The Vow (2012)“, “Todo Dia” em seus cem minutos de duração, passa como em um piscar de olhos, permanece conosco durante todo esse tempo um mix dos mais diversos sentimentos. A construção da história é gradual, mas divertida, emocionante. Acerta muito em tocar nas nossas emoções, de nos relembrar como é amar pela primeira vez e até mesmo de como é diferente nas próximas. De nos encher de pura e bela nostalgia, tenhamos vivido algo semelhante ou não. As cenas se mostram tão envolventes que nos sentimos parte daquela narrativa, da trajetória dos personagens seja qual for e simplesmente suspirar em cada diálogo.
Diálogo esse, que ressalto, se mostrou peça importante no roteiro, é durante as conversas que conhecemos as nuances dos personagens. Gostaria de poder se aproximar mais de alguns personagens como o pai e até mesmo do Alexander, colega da escola, pessoas que como diz A são tão únicas, singulares, plurais, mas ao mesmo partilham as mesmas coisas, são, o que parece contraditório, mas não é, iguais. Somos humanos, diferentes entre si, com múltiplas características, mas que nutrimos os mesmos sentimentos, desejos, anseios, medos, pode ser em um formato particular, mas continua sendo coletivo.
A obra que deu origem ao filme, tem uma continuação chamado “Outro Dia”, quem sabe não vem uma continuação nos cinemas também, o que seria bem interessante, pois, assim teríamos a oportunidade de se aprofundar ainda mais nos personagens que não tiveram o tempo no primeiro longa, que não são os principais diretamente, mas que resultam em influências para aqueles que ocupam o foco.
Algo muito interessante é o quanto junto com a protagonista, vamos desenvolvendo a capacidade de identificar A, pois sua personalidade, alma, tem características bem marcantes, bem expressivas. A direção faz um ótimo trabalho ao utilizar a câmera para nos revelar essa intimidade que foi crescendo e nos inserindo nos momentos.
Uma pergunta que permanece conosco durante o longa inteiro é: Teria eu a capacidade de conseguir superar e conviver tendo que a cada dia trocar de corpo? Por mais que muitas vezes nós tenhamos inseguranças com nossos corpos, ainda assim, lidar com uma constante troca, não é algo tão leve de se carregar. E é justamente isso que vemos, A demonstra em suas conversas, em sua necessidade em se aproximar de Rhiannon do quão solitária tem sido sua trajetória, do quão pesado é esse fardo. Então, vemos se desenvolver, no começo, uma amizade que se estende mesmo depois que brota o amor amoroso, vemos o quanto a conexão entre os dois é enorme e acreditem rola uns suspiros. É muita fofura em ação, é incrivelmente bela a representação de amor em Todo Dia, se com nossas mentes não conseguimos imaginar como deve ser lidar com isso, o sentimento não quer nem saber, sai chutando as portas, se apegando, sem olhar a quem. O mais importante da mensagem registrada no nosso coração é a de que o amor não tem gênero, que o amor é algo livre. É algo que não tem rótulo, nem deveria ter, mas insistimos em manter. O amor apenas o é.
O amor não se restringe a formatos, e padrões, ao físico ou puramente só o externo, mas ao mesmo tempo temos a revelação de um outro tipo de amor, um amor que não se resume a amar personalidade, pois ela muda, a gente está sempre em constante mudança. Todo Dia nos apresenta o amor real, que não é só conto de fadas, que se tem momentos bons, mas os ruins também se apresentam. Mas, principalmente nos revela por um diálogo de Rhiannon a sua mãe a respeito do casamento deles, a simplicidade e sensibilidade da obra. O amar é muito mais do que conseguimos encaixar em certas ocasiões, é muito mais do que uma coisa só. É muito mais do que temos capacidade de definir. Mas, são obras assim que se mostram importantes ao nos apontar um caminho. E ao final, quem tem que descobrir como seguir somos nós. O vazio vem, a destruição também, mas posso garantir que a recompensa é a surpresa que se instala quando sobem os créditos finais.
Tagarelem comigo: Vocês também tem dessas de querer muito assistir um romancezinho e sofrer um pouquinho? Mas, sério, vocês conheciam o livro? Ficaram com vontade de ver o filme?
Até a próxima tagarelice e lembrem-se de preparar o coração!
Fundadora e Editora-Chefe. Virginiana e defensora da terra.
Um pouco Lorelai demais, não só na quantidade exagerada de café, mas também na capacidade de falar muito em pouco tempo. Whovian apaixonada. É possível me encontrar, entre um salto temporal e outro, em Doomsday ou em qualquer biblioteca ou cinema do mundo.
Muito obrigada, entendo bem como é, uma guria que estava na sessão comigo comentou que é um bom filme, mas não se compara com o livro. Geralmente, curto bem mais os livros do que as adaptações. Espero que tenha uma continuação e eles possam aprofundar muitos assuntos que não foram possíveis nesse.
PS: quero ler pra ontem o livro!
Eu já tinha ouvido falar do livro, Lu, mas acredita que não tinha me despertado vontade? Mas, vendo o filme, bateu muita vontade. Fico bem feliz em ter te despertado o desejo de conhecer <3
Muito obrigada
Gostei da sua resenha, mas por ter lido o livro antes senti falta de algumas coisas, não no sentido essa cena no livro era diferente. Senti falta de uma reflexão mais aprofundado sobre o assunto amor e sua relação como gênero, etnia e afins. Achei que no filme isso ficou muito raso e a maneira que terminou foi meio que uma contradição para mim. Porém apesar disso é um bom filme.
Blog Profano Feminino
Já vi alguns vídeos sobre o livro, mas ainda não tive a oportunidade de lê-lo. Parece ser uma história encantadora! Nem sabia que teria um filme, mas graças a isso minha vontade de conhecer se tornou mair 🙂 amo livros e filmes que fazem reflexões reais em cima de assunto ou pouco… sobrenaturais hehe. Adorei a crítica!