Vidas à Deriva | É extremamente humano e real ao nos apresentar a luta por sobrevivência

Sempre que vemos uma produção cinematográfica baseada em fatos reais já criamos certa expectativa, seja medo, seja tristeza, seja alegria. Depende muito da obra e Vidas à Deriva do diretor Baltasar Kormákur (Evereste e Sobrevivente) se encaixa na categoria daqueles que nos levam às lágrimas, que nos fazem sentir um turbilhão de emoções e se afundar na relação dos personagens principais.

Sinopse:

Apaixonados, os noivos Tami Oldham (Shailene Woodley) e Richard Sharp (Sam Claflin) velejam em mar aberto quando são atingidos por uma terrível tempestade. Passada a tormenta, ela se vê sozinha na embarcação em ruínas e tenta encontrar uma maneira de salvar a própria vida e a do parceiro debilitado.

A história é uma adaptação literária do livro “Red Sky in Mourning: The True Story of Love, Loss, and Survival at Sea.“, escrito por Tami Ashcraft e que foi lançado no Brasil pela Editora Astral Cultural em 17 Julho, inclusive, assistimos o longa a convite da Editora como uma indicação das meninas do Elefante Voador. Muito obrigada! Nós da Pinguim Tagarela ganhamos um kit com o livro e em breve traremos resenha dele para vocês.

Vidas à Deriva possui uma narrativa não-linear, ou seja, sua história é contada por mais de uma linha temporal, vemos o passado e presente se intercalando, enquanto o presente é majoritariamente no mar, o passado nos conta como se deu o romance entre os protagonistas e o que os levou até o momento presente. Tal escolha de enredo nos permite sentir emoções diversas, ora estamos sorrindo, com os tons quentes do verão, ora estamos enfrentando o desespero de não saber como os personagens vão sobreviver. Assim, o longa se consolida com uma nuance entre drama e romance.

Shailene é a grande estrela do filme, além de atriz principal, ocupa também o cargo de produtora do filme, pela primeira vez em sua carreira. Se conseguimos presenciar a tensão e o desespero da história devemos, em grande parte, a atuação de Shailene, mas também a equipe responsável pela maquiagem possui seus méritos porque as queimaduras do sol, a visível desidratação e as queimaduras causadas pelo sal do mar se tornam bem verossímeis. A fotografia e a direção se sobressaem também nesses aspectos, com o mar em aberto sentimos a claustrofobia de se estar em uma embarcação tão minúscula e além do mais presos com o perigo tão iminente. É aterrador! A câmera nos guiando para dentro da tempestade gera aflição e nervosismo, tememos pela vida daqueles que viemos acompanhando. No entanto, a fotografia não serve apenas para nos causar sensações ruins, mas em determinados momentos nos revela a beleza do ambiente, do mar, da natureza.

O principal acerto do enredo é se construir em cima de momentos simples, seja pela descoberta de um pote de amendoim quanto um diálogo entre o casal sobre a cor dos raios do sol. Isso permite que adentramos na intimidade deles e conheçamos um pouco mais sobre cada um, ao passo em que se tornam situações que podemos encontrar relações com o nosso cotidiano. Nos conectar com eles e com nossas vidas.

Em alguns momentos, há a presença de flashbacks e os mesmos servem como uma memória da personagem para criar forças, para não perder as esperanças, para se agarrar em momentos bons e reconfortantes. Nós fazemos muito isso quando em situações de angústia, desespero e até mesmo perigo recorremos às nossas lembranças, especialmente aquelas das que gostamos mais, sentimos coisas incríveis e foram memoráveis, pois são elas que nos fazem seguir em frente e lutar. À deriva poderíamos simplesmente desistir, se entregar, esperar a morte chegar, mas para permanecer sobrevivendo é preciso que nosso psicológico não nos deixe na mão e para isso recorremos às nossas lembranças. O filme nesse aspecto nos revela o poder de vivenciar os momentos, de os relembrar, da importância que eles exercem sobre quem somos, principalmente, sobre quem somos diante do perigo.

É através desses momentos simples que o longa se desenvolve e é a partir deles que percebemos a força do que um sente pelo outro, do quanto queremos e a protagonista também quer, se agarrar a eles para suportar isso. É nisso que o lado emotivo do filme se revela, é nessas emoções e sentimentos que somos fisgados, que nos vemos entregues ao drama da história.

Se nos envolvemos tão profundamente com o casal, devemos também a incrível química entre Shailene e Sam, ambos esbanjam uma conexão, uma intimidade arrebatadora, é fácil se pegar torcendo para que tudo termine bem para eles e que um possa encontrar no outro o apoio necessário para sobreviver, como eles vinham sendo.

Algo bem interessante em Vidas à Deriva é que a natureza, o mar não é vilanizado como estamos acostumados a ver em filmes do gênero tragédia, pelo contrário temos momentos reservados a admiração do mar, do sol, do que a natureza nos rodeia. E isso é incrível, pois a fatalidade de uma tempestade não é pelo simples fato de que o mar nos odeia, mas, sim, porque é natural, porque acontece e talvez tenhamos dado o azar de estar no meio. Na vida a gente encontra percalços, encontra obstáculos e não é culpa de ninguém, apenas acontece. O que precisamos fazer é ser resilientes e tentar sobreviver da melhor maneira possível.

Outro ponto importante é que a trama nos apresenta uma protagonista independente e forte, que é inspirada em uma mulher real, e que ao longo filme, em nenhum momento, a vemos ser reduzida pelo seu romance, pelo homem, ela não se anula, pelo contrário ambos se completam e buscam ser o apoio necessário diante da adversidade. Tami é uma guerreira, é uma mulher corajosa, é uma mulher que lutou para permanecer viva, para sobreviver. Tami é uma mulher real, como eu, como você.

Enfim, Vidas à Deriva é um filme comovente, empolgante que utiliza relações humanas bem construídas para alcançar tais propósitos. O drama caminha junto com o romance e nenhum se sobressai ao outro, a história não gira em torno apenas disso, mas, sim, da sobrevivência, da luta pela vida, das emoções e limites psicológicos a que somos levados, além do quanto nos agarramos a vida, mesmo que seja em lembranças. O longa ensina a aproveitar os bons momentos, mas acima de tudo nos leva para uma viagem em que ao final temos uma das experiências mais tristes, bonitas e melancólicas na vida de Tami, talvez até mesmo do cinema esse ano.

É um filme, sobretudo, sobre companheirismo, força e sobrevivência. 41 dias em alto mar. À deriva.

Tagarelem conosco: Teriam coragem de velejar depois desse filme? A Tami teve. Estão preparados para ir ao cinema chorar?

Estreia hoje nos cinemas (9 de Agosto)!
Até a próxima tagarelice e lembrem-se de se apegar as lembranças pode salvar tua vida!

One Reply to “Vidas à Deriva | É extremamente humano e real ao nos apresentar a luta por sobrevivência”

  1. Ah, eu assisti o trailer desse filme um tempinho atrás e fiquei com muita vontade de assistir! Não faz muito que descobri que ele tá nos cinemas nesse mês. Depois dessa resenha, a vontade só aumentou. Deve ser um filme fantástico e real. Shailene arrasa! Adorei a indicação e o post <3.

    Beijos, quebrarosilencio.blogspot.com ❥

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